2 Comentários
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Avatar de Camilla

Oi, Jhenny! Que bom ler essa newsletter. Sabe, há uns anos eu aguardava esperançosa que o movimento dos blogs voltasse, pois adoro ler um conteúdo com começo, meio e fim - e referências -, nem que seja sobre um filme, uma série, banda, etc.

Há muita gente interessante - como você - com conteúdo (e não apenas produzindo conteúdo), que conseguiu reviver a era dos blogs por meio das newsletters - e ganhando dinheiro pelas assinaturas. Não sei como é a rentabilidade, mas como leitora é um nicho muito gostoso de se fazer parte, principalmente, quando você cria um vínculo com a PESSOA que escreve. Tem por exemplo, a Aline Valek, que sigo há muitos anos (escritora), que já migrou o conteúdo por diversos formatos e aos poucos foi construindo essa comunidade que gostar de ler e trocar informações. Ela é maravilhosa - a news chama-se "Uma Palavra".

Realmente, não é todo mundo que lê textão, mas também há essas pessoas que necessitam abrir o e-mail (que nem nossos ancestrais) e buscar por um conteúdo com coerência, que a gente não encontra em poucos caracteres e segundos.

Muito do meu movimento pessoal de sair da área de marketing e transitar para a psicologia veio de alguns pontos que você citou no seu texto. Juro que todos esses anos tentei, mas não consegui manter o tesão para criar conteúdos para marcas. Sei lá, quanto mais me questionava, mais sentia que os conteúdos solicitados pelos clientes pecavam na autenticidade e o "meu propósito", estava sendo desperdiçado pela efemeridade de um post no Instagram, que sempre ia de encontro com as horas investidas em cima do material e da cobrança dos clientes como se uma vida estivesse em nossas mãos. Lidar com essa dinâmica só funciona pra profissional de marketing em início de carreira, quem é macaco velho no marketing digital não tem mais paciência pra esse tipo de coisa.

Acho que estamos passando por um momento de transição na produção de conteúdo. Muito do "propósito" das coisas se perderam por causa de formulas prontas do tipo "ninguém lê", "vamos produzir conteúdo pro algoritmo", "a empresa precisa de um blog pra criar conteúdo de funil e aparecer nas buscas". Será mesmo? Aposto que nós duas ficaríamos horas e horas conversando sobre todas essas coisas - e ainda sairia um texto manifesto sobre todas as coisas que não fazem mais sentido nessa área.

Por exemplo, a questão dos blogs/textão fico refletindo se não rolou uma apropriação das marcas pelo formato utilizado por PESSOAS para se expressarem e, ao se apoderar a marca, mudou o pilar de todo o negócio.

Aquela pessoinha que escrevia, escrevia porque tinha prazer e, quem lia, lia porque gostava das reflexões, da personalidade da pessoa, porque se sentia próximo, porque gostava de comentar e expressar a opinião, construir junto o conteúdo como - hey, estou fazendo aqui com você!

Marcas NUNCA serão pessoas. Foi um alívio quando escutei o episódio do podcast Boa noite, Internt: "Narrativa pessoal, com Sil Curiati" (https://www.boanoiteinternet.com.br/2023/11/19/narrativa-pessoal-com-sil-curiati/

Acho que fará um bem danado pra você também esse episódio :) A convidada, simplesmente condensou toda essa questão de autenticidade e marketing digital/conteudo/narrativa. ESCUTE, ESCUTE, ESCUTE!

Basicamente a era da marca "humanizada" e "produtora de conteúdo" faz cada vez menos sentido.

Resumindo: Há sim um nicho para teus textos, mas para quem quer fazer parte de uma comunidade liderada por uma pessoa que levante reflexões sobre moda, estilo de vida, vinculado com o contemporâneo.

A minha aposta é que você não está exausta pela "moda" e em produzir conteúdo sobre o tema - quando a gente é apoixonado por alguma coisa é natural querer pesquisar e compartilhar sua visão sobre ele!

O que está te deixando exausta é como as marcas (no geral) estão produzindo conteúdo e desvalorizando cada vez mais as pessoas que produzem.

Acredito que manter um projeto pessoal - que nem sempre vai dar retorno finaneciro imediato - vai te ajudar a retomar a paixão pela moda, que querendo ou não é uma parte importantíssima da sua linda subjetividade :) O que faz a Jhenny Pollet ser a Jhenny Pollet, a pessoa apaixonada por moda e escrita - que não é uma marca e que está exausta de como as coisas andam.

Seja arqueologa da moda e reviva aquela época gostosinha dos textos da Julia Petit, Just Lia, da Karol e outras influencers que começaram a produzir conteúdos sobre o que elas eram apaixonadas.

O propósito de trabalhar no capitalismo é viver e sobreviver, mas a ativide do trabalho na vida humana é criar conexão, criar e recriar a realidade e a própria subjetividade. :) Acredite que tem alguém que quer ler seus textos, mesmo que no começo o algoritmo diga que não.

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Avatar de Jheni Pollet

Cami, que delícia ler esse comentário. Muito obrigada por ter lido o conteúdo da newsletter e ter tirado um tempinho para compartilhar suas ideias por aqui - é justamente isso que eu desejo com esse projeto: que ele sirva para boas trocas.

Confesso que essa parte do seu comentário me pegou fundo:

"A minha aposta é que você não está exausta pela "moda" e em produzir conteúdo sobre o tema - quando a gente é apoixonado por alguma coisa é natural querer pesquisar e compartilhar sua visão sobre ele!"

Preciso concordar com você. Obrigada por trazer sua visão e palavras tão bonitas, tão verdadeiras, que encheram meu coração de alegria e também me motivam a seguir em frente.

Meu namorado está fazendo um movimento parecido com o seu, deixando a publicidade e migrando para a psicologia (inclusive, a formatura é em janeiro), e eu só posso dizer que entendo tudo o que você escreveu aqui e admiro demais essa sua coragem para fazer a transição, porque não é fácil. Também desejo sucesso e leveza nessa nova trajetória - porque você merece demais! Te admiro muito! Um 2024 maravilhoso para nós! ♥

Obrigada, obrigada, obrigada! ♥

Beijo,

Jheni

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